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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Marina

Observando os fóruns de discussão (?) nas redes sociais, ou ainda coversando com um ou outro aluno, percebo cada vez mais o desgosto pela leitura apresentado por essa geração mais jovem. Existem exceções, claro, mas infelizmente é o que são, exceções. Várias coisas podem ser apontadas como vilões para essa situação, mas vou apontar apenas um, que é a péssima qualidade do material oferecido ao jovem ao longo de sua vida, especialmente escolar.

Tudo evolui, já prega a lei natural das coisas, e não é diferente com o hábito de ler. Ora, pra se chegar a ler um Machado de Assis, um Guimarães Rosa, é todo um processo que parte das historinhas em quadrinhos da Disney ou de Maurício de Sousa, passa por uma literatura mais agradável, mas que apresenta um desefio interpretativo crescente, até chegar nos autores mais renomados, como os citados anteriormente. Acontece que a falha está ocorrendo justamente nesse meio.

É cada vez mais comum a chamada literatura infanto-juvenil invadir as nossas livrarias e escolas, obras produzidas com o intuito apenas de agradar pela facilidade, por ser extremamente mastigadas, tirando do jovem a necessidade de pensar, refletir sobre o tema. Livros feitos para ser vendidos, e não para contar uma história. Narrativas que prezam pela descrição excessiva, retirando a capacidade de abstrair do jovem, e com temáticas simplórias parecendo terem diretamente saído das novelas de televisão. 

Mas o objetivo dessa postagem não é discutir esse tipo de (má) literatura, e sim falar de um livro que caminha fora do lado negro da força (não deu para resistir). Marina, livro do espanhol Carlos Ruíz Zafón, é uma narretiva feita para o jovem de todas as idades. Pela sua escrita dinâmica e veloz, o leitor mais jovem, habitante desse mundo moderno e agitado, sente-se em casa pela velocidade que os fatos transcorrem, ao mesmo tempo que é desafiado a compreender todas as passagens dessa magnífica história.

O escritor catalão, ao contrário dos que produzem literatura infanto-juvenil, não menospreza a capacidade abstrativa do jovem e o força a criar a atmosfera de uma Barcelona mística, dando apenas os detalhes mais básicos, deixa para o leitor a tarefa de preencher os cenários da narrativa, além de, para essa indicação mental, utilizar de jogos de linguagem como falar que o apartamento de uma determinada personagem estava "mergulhado no pretérito mais-que-perfeito".

A história em si é um grande quebra-cabeças, onde o leitor segue as personagens Óscar e Marina na resolução de um grande mistério. O interessante é que nem tudo esta escrito, assim o autor deixa para o leitor a tarefa de "queimar o tutano" um pouco para seguir a história em sua totalidade. "Marina" é um livro difícil de categorizar, pois você fica em dúvida se é um romance-realidade com toques de fantasia, ou uma história fantasiosa com uma pitada de realidade.

Portanto uma grande pedida nesse período de férias, tanto escolares quanto do trabalho, é ler o livro de Zafón, uma leitura que irá agradar tanto os jovens cronológicos quanto os de coração; afinal, uma das características das grandes obras é seu caráter universal, ser acessível a todo e qualquer leitor que se instrumente e capacite para apreciá-las. "Marina" é um desses instrumentos que nos preparam para voos mais altos na literatura.

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